CEPpAV no Andrews


Publicado no jornal do Colégio Andrews (setembro de 2009).
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Orientadoras Profissionais jogam "Talento Único"

Publicado no site "Escola de Empreendedorismo Zeltzer" (Clique aqui)

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CEPpAV - Centro Psicopedagógico de Autoria Vocacional

QUEM SOMOS?
Somos uma equipe formada por Pedagogas, Psicólogas, Psicopedagogas e Orientadoras Profissionais que faz um trabalho de Orientação Profissional com enfoque psicopedagógico, dentro da linha teórica da Psicopedagoga Argentina Alicia Fernández. Nosso projeto se diferencia por acreditarmos que:

- o processo de Orientação Profissional do sujeito acontece quando criamos espaços para que os aspectos objetivos e subjetivos de autoria de pensamento possam ser trabalhados;

- o sujeito deva ser ativo no processo de escolha, responsabilizando-se pela autoria do mesmo;

- a compreensão do processo de identidade do sujeito precisa estar inserida dentro de um contexto familiar e social;

- uma escolha consciente depende da elaboração dos conflitos e não de sua negação, ou seja, de passar de um uso defensivo das identificações ao uso instrumental delas, ao conseguir identificar-se com seus próprios gostos, interesses, aspirações, sonhos e identificar o mundo exterior, as profissões, as ocupações etc. Em síntese, uma escolha mais consciente é uma escolha que depende da identificação consigo mesmo;

- uma escolha ajustada é aquela na qual o autocontrole permite que o adolescente faça coincidir seus gostos e capacidades com as oportunidades exteriores.

“ Não buscamos rápidas certezas, mas sim PERGUNTAS que fecundem nossas produções, para ir abrindo assim, espaços de autoria de pensamento.”
Alicia Fernández


AUTORIZANDO-SE...

Homens e mulheres fazem sua escolha profissional de forma diferente?
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Aprender !!! Aprender !!! Aprender!!!

"Aprender é arriscar-se a fazer dos sonhos textos possíveis"

Alicia Fernández





"Aprender é historiar-se"

Alicia Fernández

"Vestíbulo de coisa nenhuma" Rubem Alves

"Os exames vestibulares são uma das maiores, possivelmente a maior praga que infesta a educação brasileira. O seu nome, derivado de “vestíbulo”, que quer dizer “átrio, entrada de um edifício”, sugere que eles são apenas uma inocente e estreita porta de entrada para as universidades. De fato, para isso foram criados. Mas freqüentemente acontece com as instituições sociais o mesmo que ocorre com os medicamentos: os efeitos colaterais não-previstos são mais importantes que os efeitos desejados. Pode ser que a cura seja pior que a doença.

É o caso dos vestibulares. Anunciados como inocentes portas de entrada, o seu efeito maior, entretanto, tem sido o seu poder de moldar e determinar os padrões de educação nas escolas de ensino médio e até mesmo de ensino fundamental. Cúmplices nesse processo são os pais. Ansiosos por ver seus filhos nas universidades, por imaginarem que um diploma vai lhes garantir segurança econômica, exercem pressões sobre as escolas no sentido de que elas se transformem em instituições dedicadas a “preparar para os vestibulares”. Boa escola é aquela que segue os modelos dos cursinhos. Aquelas que não se ajustam estão condenadas à marginalização: instituições inúteis, não preparam para os vestibulares.

Os professores que preparam as questões para os exames vestibulares, cada um mergulhado nas particularidades da sua própria disciplina, nem de longe imaginam que, ao elaborar uma questão, estão determinando os rumos da educação no Brasil. Não sabem que no simples ato de imaginar um problema eles estão determinando padrões de inteligência e padrões de conhecimento para todos os jovens do Brasil. O padrão de conhecimento refere-se à soma de informações julgadas necessárias e indispensáveis para se passar nos exames. O tipo de inteligência refere-se às operações mentais julgadas essenciais para o mesmo fim.

Ora, esses dois elementos, padrões de conhecimento e padrões de inteligência, constituem-se num resumo de toda uma filosofia da educação. Os exames vestibulares, assim, involuntariamente, estabelecem o modelo de excelência educacional a ser seguido pelas escolas.

Quanto à inteligência, é preciso saber que não há uma, mas muitas. Como na estória da Bela Adormecida, muitas delas se encontram mergulhadas em sono profundo, à espera de que um beijo de amor as acorde... Outras, segundo denúncia de Hermann Hesse, são simplesmente assassinadas. Os exames vestibulares encontram-se entre os feiticeiros que fazem dormir muitos tipos de inteligência e entre os assassinos que matam muitas outras. São, assim, culpados de bruxaria e assassinato...

Uma professora da Unicamp me contou que os alunos que mais dificuldade tinham em seguir a sua disciplina eram aqueles que haviam passado nos primeiros lugares nos exames vestibulares. Havendo desenvolvido com sucesso o tipo de inteligência necessária para passar nos vestibulares, que pressupõe haver sempre uma alternativa correta, entre as várias apresentadas, a sua inteligência não conseguia conviver com uma situação de incertezas, em que cada decisão é sempre uma aposta. Os alunos perguntavam sempre: “Mas, professora, qual é a resposta certa mesmo?”

Assim é a inteligência vestibularesca, em direta oposição à inteligência científica que, como K. Popper e Thomas Kuhn o demonstraram, só germina, cresce e dá frutos em meio às incertezas e apostas.

No caso das disciplinas incluídas na área de humanidades o resultado da inteligência vestibularesca é igualmente assassino. Paul Goodman afirmava não conhecer nenhum método para ensinar as humanidades que não as matasse. O prazer, na leitura de um livro, faz parte da própria essência do livro. Daí a impossibilidade de se ensinar as humanidades para passar no exame. O ensino das “ciências da linguagem” não desenvolve nem o prazer na leitura nem o prazer em escrever. O miserável artifício de estudar os “resumos” dos livros, com os nomes das personagens e o esboço da trama, é uma forma segura de matar o amor pelo ato vagaroso e preguiçoso de ler. De alguma forma essas disciplinas só são aprendidas se não houver uma guilhotina ao final do caminho. É como o amor: a ameaça da punição, se a performance for insuficiente, é a garantia de que ela será...

Há, depois, o absurdo da quantidade e do tipo dos conteúdos de informação que os estudantes devem trazer para os exames. Pede-se, dos estudantes, que eles saibam mais, em amplitude, do que sabem cientistas já formados. Gostaria que os professores universitários se submetessem, voluntariamente, aos exames vestibulares. Os resultados seriam muito instrutivos. Como é altamente provável que um grande número não passasse, eu inclusive, a conclusão inevitável seria a de que existe algo de absurdo nas exigências de conhecimento dos exames vestibulares.

A mente só guarda e opera conhecimentos de dois tipos: (1) os conhecimentos que dão prazer e (2) os conhecimentos instrumentais, que podem ser usados como ferramentas. Como uma altíssima porcentagem do que se exige para os exames vestibulares não é nem conhecimento que dê prazer nem conhecimento que se use como instrumento, esse supérfluo é logo esquecido. O esquecimento é uma operação da inteligência que se recusa a carregar o inútil e o que não dá prazer. A inteligência deseja viajar com leveza... Assim, todo o enorme gasto de tempo, dinheiro, energia, todo esse imenso sofrimento de filhos e pais, está destinado a terminar como os castelos de areia construídos na praia: é logo lavado pela maré do esquecimento".

Fonte: http://www.rubemalves.com.br/